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EMOÇÃO E AFETO: O PAPEL DO OUTRO NO DESENVOLVIMENTO


        De acordo com Wallon, a emoção é um instrumento de sobrevivência típico de nossa espécie para suprir a incapacidade de alcançarmos sozinho o atendimento de nossas necessidades, são as emoções que exprimem e fixam na sensibilidade do sujeito algumas disposições, atitudes que irão garantir o aparecimento de reações sensório-motrizes. A emoção fornece aos primeiros e mais fortes vínculos que irão suprir a imperícia do ser humano no início de seu desenvolvimento. É graças ao vínculo estabelecido com o meio social através da emoção que o ser em desenvolvimento terá acesso à cultura e ao universo simbólico elaborado ao longo da história da humanidade.
        Desde o seu nascimento até a Educação Infantil, por exemplo, a criança tem grande necessidade carinho, afeto e atenção. Fatores estes são para vivência de um processo ininterrupto e harmônico de socialização, e que podem influenciar no desenvolvimento social, intelectual, cognitivo, psicológico e até físico para toda a sua vida.
        Vygotsky (1994), ao destacar a importância das interações sociais, traz a ideia da mediação e da internalização como aspectos fundamentais para a aprendizagem, defendendo que a construção do conhecimento ocorre a partir de um intenso processo de interação entre as pessoas. Portanto, é a partir de sua inserção na cultura que a criança, através da interação social com as pessoas que a rodeiam, vai se desenvolvendo.
        Ainda segundo Vygotsky, toda criança possui características particulares onde algumas são mais tímidas e outras mais agitadas. Aquelas mais introvertidas têm uma dificuldade de interagir com o grupo, essas crianças necessitam muitas vezes de estímulo que garanta essa interação. Ao contrário das mais extrovertidas que interagem com maior facilidade.
        É importante que o professor saiba identificar em uma sala de aula aqueles mais tímidos e aqueles mais agitados para saber lidar com essas situações.
        Na sociedade em que vivemos a família é o alicerce, o ponto referencial de qualquer criança. Portanto, falta da companhia dos pais, os maus exemplos dos mesmos podem acarretar problemas, nas escolhas de seus filhos, para o resto de suas vidas. Pois, a formação de seu caráter, suas expectativas, sua concepção do mundo gira em torno dos conceitos, que seus pais, sua família lhes ensinou. Mesmo que na idade adulta o filho decida seguir um caminho diferente daquele estipulado durante sua infância levará sempre consigo os ensinamentos, os exemplos mais claros que lhes foram passados.
        É a partir deste momento que a presença do professor vai fazer a diferença, em seu comportamento, seu aprendizado, sua socialização, sua auto-estima. A criança passa sentir que faz parte do processo em que está inserida.
        Deve ficar claro que depende da afetividade do professor, para que o aprendizado desta criança seja efetivo.
        É verdade que o professor não é o único responsável pelos sucessos e fracassos do aluno, mas seu papel é de suma importância não só como profissional, mas também como pessoa. O educando necessita aprender a gostar de aprender, assim os educadores precisam transmitir felicidade que o incentive no processo ensino aprendizagem. E é preciso que a afetividade seja valorizada no âmbito escolar e envolver todos os seguimentos como alunos, professores, pais, direção e demais funcionários para que seja criado um ambiente agradável e que acredite em sua importância na construção, reconstrução de uma sociedade ideológica.
O ideal para o ser humano é que se estabeleça um fluxo tônico que leve a emoção a se produzir e se escoar imediatamente através de movimentos expressivos, como é o caso da alegria, razão pela qual ela nos é prazerosa.
        A emoção mostra também um caráter contagioso ou epidêmico, pois tende a transmitir-se para os outros por meio de uma espécie de dialogo tônico, uma forma de comunicação primitiva, permitida pelas alterações da tonicidade muscular das pessoas.
        Entre os comportamentos afetivos, as emoções procedem do mais baixo nível de funcionamento cerebral o nível subcortical. São as emoções que permitirão as relações que afirmarão a expressividade do sujeito, transformando-a em um instrumento cada vez mais especializado da sociabilidade humana.
        A afetividade é o conjunto funcional que responde pelos estados de bem-estar e mal estar, quando o homem é atingido e afeta o mundo que o rodeia.
        A afetividade, assim como a inteligência, não aparece pronta nem permanece imutável. Ambas evoluem ao longo do desenvolvimento; são construídas e se modificam de um período a outro, pois, à medida que o indivíduo se desenvolve, as necessidades afetivas se tornam cognitivas. 
        As emoções fazem parte da nossa vida e nos ajuda a amadurecer de acordo com as situações problemas, e consequências vividas nos ensinando a construir o nosso espaço (mundo) respeitando o espaço, ideias e ações do outro no processo de desenvolvimento ético social e cultural.
        Assim, partindo para a influência dos aspectos afetivos no processo de aprendizagem, podemos dizer que, a relação que caracteriza o ensinar e o aprender transcorre a partir de vínculos entre as pessoas e inicia-se no âmbito familiar.
        Dessa forma, é a partir da relação com o outro, através do vínculo afetivo que, nos anos iniciais, a criança começa a ter acesso ao mundo simbólico e conquista para si, avanços significativos de âmbito cognitivo.
        Embora a escola seja um local onde o compromisso maior que se estabelece é com o processo de transmissão/produção de conhecimento, pode-se afirmar que "as relações afetivas se evidenciam, pois a transmissão do conhecimento implica, necessariamente, uma interação entre pessoas. Portanto, na relação professor aluno, uma relação de pessoa para pessoa, o afeto está presente" (Almeida, 1999, p. 107).


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


MOURA, Eunice Martins, Importância da afetividade para o aprendizado da criança, disponível em: < afetividade-para-o-aprendizado-da-crianca-899195.html>


COSTA, K. S da; SOUZA, K. M de. O aspecto sócio-afetivo no processo de ensino- aprendizagem na visão de Piaget, Vygotsky e Wallon.


DANTAS, H. A infância da razão. São Paulo: Manole, 1992.


_____ A afetividade e a construção psicogenética de Wallon. In: LA TAILLE et al Piaget, Vigotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992.
A
LMEIDA, A. R. S. emoção na sala de aula. Campinas, SP: Papirus, 1999.

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